Acesso ao direito negado e crueldade gerada pelo racismo institucional

1.12.20

 


Acesso ao direito negado e crueldade gerada pelo racismo institucional

Quando se trata da mulher negra os obstáculos aumentam no acesso a saúde pública


O que deveria ser acolhimento se torna mais uma violência, quem deveria cumprir o juramento de acolher os pacientes independente de classe social e raça, acaba se fazendo mais uma vez soberano e detentores da verdade. Quando o olhar se volta para questões de classe e raça, é ainda mais sofrida a realidade dos casos legais de aborto em mulheres que sofreram violências sexuais e têm suas vozes oprimidas.  Ao falar sobre liberdade de acesso à saúde pública, as mulheres negras e periféricas sofrem mais no atendimento e são expostas a questionamentos sobre a integridade da palavra de uma forma mais severa.  

O privilégio se faz presente nos casos de aborto quando o poder aquisitivo também ocupa esse cenário, uma vez que se torna mais fácil o acesso as práticas clandestinas com mais segurança para essa parcela. Já as mulheres negras e periféricas, têm acesso ao direito negado, momento em que elas conhecem a crueldade gerada pelo racismo institucional, que se dá pela forma como as pessoas negras são atendidas nos serviços públicos de forma inferior às demais.

Dados pelo Ministério da Saúde e da Fiocruz mostram que as mulheres negras são as mais atingidas pela violência obstétrica somando 65% dos casos, e pela mortalidade materna em 54% dos casos.  Quando o corpo negro é visto de maneira sexualizada, e baseado apenas em um discurso racista que alega a maior tolerâncias a dor em mulheres negras do que mulheres brancas, é uma das situações de racismo institucional, em que o profissional da saúde usa para justificar a demora ao atendimento, e em casos de violência obstétrica, que se dá tanto da forma física quanto moral.

O medo de julgamentos e a criminalização da prática, acaba afastando as mulheres da segurança do procedimento, as levando a procurar métodos não seguros, mesmo quando a prática no caso legal é um direito, justificando assim, o maior número de mulheres negras que são vítimas nas práticas de aborto clandestino. 


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